terça-feira, 2 de maio de 2017

O EMBUSTE DOS 300 ANOS DA GLUI


Por Kennyo Ismail em "No Esquadro" (http://www.noesquadro.com.br/2016/09/o-embuste-da-fundacao-da-grande-loja-unida-da-inglaterra.html em 15 de setembro de 2016)

Há anos que eu tenho dito isso em minhas palestras e me deparado com o espanto no olhar da maioria dos irmãos na plateia, seguido de um franzir de testa por boa parte desses.
Como bons papagaios de avental, repetimos sempre que possível que a Grande Loja de Londres e Westminster foi fundada em 24 de junho 1717, tendo Anthony Sayer como seu primeiro Grão-Mestre, e, portanto, a Maçonaria Especulativa existe desde 1717 e blá-blá-blá, tomando por ponto de partida, sempre, 1717, quase que como um número cabalístico.
Sempre questionei tal informação. Sempre questionei o fato de não haver um documento com registro público da época, ou mesmo uma notícia reproduzida em um dos jornais londrinos. Sim, Londres tem jornais circulando desde 1621. Como poderiam deixar de noticiar algo como isso? A chamada Carta de Bolonha, quase 500 anos mais antiga, foi registrada em cartório… por que uma ata de fundação de 24/06/1717 não seria?
Mas a resposta dos irmãos a esse questionamento quase sempre foi mais ou menos a seguinte: “Todo mundo sabe que foi em 1717. Por que diabos você está questionando isso?”. E isso acompanhado de um nariz torcido.
Além disso, as notícias dos preparativos para a comemoração dos 300 anos da agora Grande Loja Unida da Inglaterra, por si, vinham dando ainda mais como certa essa “crença popular maçônica”. Pelo menos até agora…
Uma recente Conferência sobre História da Maçonaria, realizada pela afamada Loja de Pesquisas “Quatuor Coronati”, com o apoio do Queen’s College da Universidade de Cambridge, acaba de escrever um novo capítulo quanto a esse embuste sobre a fundação da então Grande Loja de Londres.
O famoso pesquisador maçônico, Dr. Andrew Prescott, e a professora de história e pesquisadora, Dra. Susan Mitchell Sommers, apresentaram na conferência um documento recentemente descoberto em um antigo livro de atas da “Lodge of Antiquity” (uma das fundadoras da Grande Loja de Londres e da qual William Preston foi Venerável Mestre), revelado recentemente. Trata-se da ata de fundação da Grande Loja, em 1721, tendo como seu Grão-Mestre fundador John Montagu, o 2º Duque de Montagu.
Esse documento histórico não somente impacta na crença quanto ao ano de fundação, mas desmascara as mentiras publicadas por James Anderson em sua Constituição, que davam conta da fundação em 1717 e de Antony Sayer como primeiro Grão-Mestre, e em sequência George Payne e John Desaguliers. Esses três, Sayer, Payne e Desaguliers, pelo que parece e até onde se pode comprovar documentalmente, nunca foram Grão-Mestres.

Não sei se fico feliz ou não ao dizer: “Eu avisei…”. De qualquer forma, com uma prova documental dessas, fica a dúvida se a Grande Loja Unida da Inglaterra (que, na verdade, somente foi fundada em 1813), manterá a comemoração dos 300 anos para o ano que vem*, mesmo que imprecisa, ou a adiará por mais alguns anos…


* o texto foi escrito em 2016.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

EM QUANTO TEMPO SE ATINGE O GRAU MÁXIMO DA MAÇONARIA?

Eis aí uma ótima pergunta... A resposta pode não ser tão simples assim. Alguns anos, algumas décadas, a vida inteira, nunca...
Na verdade, este tempo depende de vários fatores, alguns por parte da Potência ou Loja, outros, do Obreiro (o maçom iniciado). Depende muito também do Rito que se está praticando, pois, cada Rito tem um número distinto de Graus. No caso em tela, vamos considerar o Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA – que é o que praticamos em nossa Potência e é um dos mais conhecidos e praticados no mundo. Então, no caso do REAA são 33 Graus.
Não vamos considerar a quebra de interstício, que é um recurso que existe e pode ser usado para que o Maçom, por assim dizer, pule um ou mais Graus, avançando os degraus e assumindo um Grau superior “de fato”, mas não “de direito”, haja vista que não tem o conhecimento pertinente aos Graus que “pulou” e terá que os estudar posteriormente. As quebras de interstício ocorrem geralmente por necessidades administrativas particulares e devem ser evitadas ao máximo!
Vamos admitir uma Potência “Xis”, que seja muito voltada aos antigos Usos e Costumes da Maçonaria Universal e que preze pela boa formação de seus Obreiros, que infelizmente não é a realidade de muitas Potências brasileiras e estrangeiras, e também vamos considerar que o maçom é assíduo em seus estudos e participa de todas as sessões de seu grau. Deste modo, os Graus iniciais, chamados Simbólicos, não se cumprem com menos de um ano de intervalo entre eles; então, contabilizando, um ano para o Aprendiz passar a Companheiro e mais um ano para este ir a Mestre...
Os Graus Filosóficos do REAA são adquiridos de duas formas; por Iniciação – com uma cerimônia própria para tal – ou por Comunicação – sem necessidade de cerimonial próprio, devendo, contudo, ser estudados, para serem testados antes da próxima Iniciação.
Após ter completado seis meses de Mestre Maçom, o candidato aos Altos Graus do REAA, tem 12 Graus Iniciáticos, devendo respeitar os interstícios entre eles. Os Graus 4, 9, 14, 15, 18, 19, 22, 28, 30, 31, 32 e 33 são Iniciáticos. Os demais entre eles são colados por Comunicação.
Veja a tabela abaixo sobre os interstícios exigidos:

GRAU 4, 9, 14, 15, 18,19
6 MESES ENTRE CADA GRAU INICIÁTICO
GRAU 19, 22, 28, 30
4 MESES ENTRE CADA GRAU INICIÁTICO
GRAU 30 ao 31
6 MESES
GRAU 31 ao 32
3 MESES
GRAU 32 ao 33
12 MESES

Tudo isso é interstício mínimo, podendo levar muito mais tempo para se passar de um Grau a outro!
Desta forma, basta fazermos as contas e vamos encontrar um valor “mágico”: 93 meses!!! Isto corresponde a 7 anos e 9 meses.

Logo, em condições ideais, em menos de 8 anos um Maçom pode ir do Grau 1 ao 33, no REAA. Mas, isso é apenas teórico. Na realidade, no dia-a-dia partindo pedra, as coisas podem não andar bem assim... Mas o que vale não é colar Graus, mas sim, adquirir conhecimento e aprimoramento moral! Esta é a verdadeira busca da Maçonaria: A constante e incansável busca da Verdade!

Por Ir.'. Diego de Almeida 33.'.
G-M.'. Geral da SGLMB.'.